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  ARTIGOS CIENTÍFICOS
 
  Nesta edição, recomendamos a leitura de alguns artigos científicos sobre Redes Sociais de autoria da jornalista Raquel Recuero, doutora em Comunicação e Informação e pesquisadora-colaboradora do Center for Society and Cyberstudies e do Digital Media and Learning Research Hub.
 
  A rede é a mensagem: Efeitos da Difusão de Informações nos Sites de Rede Social.
Raquel Recuero InEduardo Vizer.
(Org.). Lo que Mcluhan no previó. Buenos Aires: Editorial La Crujía, 2012, v. 1, p. 205-223. [versão rascunho/draf]
http://www.raquelrecuero.com/arquivos/redemensagem.pdf
 
  Atos de Ameaça a Face e a Conversação em Redes Sociais na Internet.
Raquel Recuero In: Alex Primo.
(Org.). Interações em Rede. Porto Alegre: Sulina, 2013, v. 1, p. 51-70. [versão rascunho/draft]
http://www.raquelrecuero.com/arquivos/rascunhoatosdeameaca.pdf
 
 
 Contribuições da Análise de Redes Sociais para o Estudo das Redes Sociais na Internet: O caso da hashtag #Tamojuntodilma e #CalabocaDilma.
Raquel Recuero
[versão preprint ] (publicada com a autorização da revista) - Revista Fronteiras (Online), v. 16, p. 1, 2014.
http://www.raquelrecuero.com/fronteirasrecuero2014.pdf
 
 
 
Leia também o artigo redigido pela Profa. Patrícia Marques, idealizadora desta edição da Reuni:
 
                                                                                                                         As Redes Sociais e sua utilização
                                                                                                                         em ações publicitárias
 
                                                                                                                                      Profa. Me. Patrícia do Prado Marques Cordeiro
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  O avanço das novas tecnologias de comunicação propiciou o crescimento das redes sociais e, por conseqüência, a participação interativa como a característica mais marcante dos novos consumidores, conhecidos também como Geração Y. Os jovens desta geração estão constantemente conectados e transitam pelo espaço virtual com extrema facilidade, possuem acesso quase ilimitado à informação e elevado poder de decisão.
 
  Lévy (1999), explica que as redes sociais representam um conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados, tudo isso, independentemente, das proximidades geográficas e das filiações institucionais. Para o autor, com a Internet, os indivíduos se revelam cidadãos bem informados, politicamente mais ativos e socialmente mais conscientes do que os cidadãos offline.
 
  Assim, as redes sociais surgem como uma forma de representar a organização social nos tempos atuais, sobre princípios políticos, econômicos, culturais e educacionais. A interatividade, rapidez na obtenção de dados, seletividade e capacidade de gerar conteúdos próprios na Internet moldam o dia a dia dos novos consumidores. Eles se apropriam das novas tecnologias para dialogar ativa e explicitamente com fornecedores de bens e serviços sobre a produção daquilo que se deseja consumir.
 
 Este espaço possui uma linguagem própria delineada por quatro características principais: hipertextualidade, multimidialidade, personalização e interatividade.
 
 A hipertextualidade permite em uma mesma tela a coexistência de textos, sons e imagens, tendo como elemento inovador a possibilidade de interconexão quase instantânea através de links, não só entre partes de um mesmo texto, mas entre textos fisicamente dispersos.
 
  A multimidialidade refere-se à convergência dos formatos das mídias tradicionais (imagem, texto, som). Sendo a personalização, a possibilidade de individualização do conteúdo de acordo com os interesses individuais do usuário.
 
 Já com a interatividade, a informação on line possui a capacidade de fazer com que o internauta sinta-se parte do processo. Isto pode ocorrer pela troca de e-mail, coluna de opinião, fóruns de discussões, debates via chats, compartilhamento de informações, dentre outros.
 
 Estas características influenciam o comportamento do consumidor diante da realidade, pois proporcionam a interação do tradicional e do ciberespaço, do racional e do emocional, da comunicação virtual e da presença física. Sêga (2014) observa que tal interação ultrapassa o lado racional dos consumidores e adquire um sentido simbólico e ideológico voltado para suas carências psicossociais. Segundo ela, os consumidores são constantemente impulsionados para marcas globalizadas veiculadas no cinema, televisão e Internet por meio da publicidade e do entretenimento.
 
 Independentes, individualistas e bem informados, esses consumidores são influenciados pelas novas tecnologias e, segundo Lews e Bridges (2004), isso mudou não só na maneira ‘como’ compram e também ‘o que compram’ e ‘por que compram’.
 
 Nesse contexto, uma pergunta se torna inevitável: “se eu tenho tantas escolhas à minha disposição, por que devo ser fiel a uma empresa ou marca?”
 
A inovação tem sido a principal resposta a esta pergunta. Focadas em seu público-alvo, as empresas percebem que precisam estar nos espaços onde seus consumidores frequentam e as redes sociais, tais como Facebook, Twitter, Youtube, dentre outras, tornam-se a ferramenta ideal para este contato.
 
Segundo Torres (2014), o consumidor on line busca informação, entretenimento e relacionamento:
  
                   1. Informação: a ação deve informar sobre a oportunidade única disponível somente pela Internet. A oferta pode estar associada diretamente ao produto, ou relacionada a alguma outra ação atraente para o público-alvo.
 
                        2. Entretenimento: a ação deve fazer com que o consumidor participe e se envolva em algum tipo de evento. Os sorteios   parecem atraentes, mas são muito estáticos para a Internet. Uma competição, uma gincana, ou um jogo geram resultados mais interessantes.
 
                        3. Relacionamento: a ação deve envolver a rede de relacionamento do consumidor. Deve explorar de forma consciente a rede social a qual o consumidor pertence. O consumidor deve se sentir importante, na medida em que a promoção valorize não só ele, mas também seus amigos.
 
       Portanto, os jovens consumidores são usuários e não apenas espectadores passivos. Eles interagem com os meios e escolhem oportunidades de acordo com suas preferências. Também possuem a interatividade como uma forma de relacionamento com o mundo, a tecnologia ganha um conceito de parte integrante de suas vidas.
 
 
Os Cinquenta Tons de uma ação de sucesso
 
  A trilogia Cinquenta Tons de Cinza da autora britânica E. L. James chegou ao Brasil pela editora Intrínseca. Sucesso de público e venda no exterior, o livro já despertava o interesse das leitoras brasileiras e estas foram o principal foco da editora que utilizou a Internet como meio de divulgação do produto.
 
  Lançado no dia 24 de julho de 2012, o primeiro volume que dá nome a série vendeu mais de 1.130.000 exemplares; a sequência, Cinquenta tons mais escuros, ultrapassou a marca de 700.000 cópias comercializadas; e o desfecho Cinquenta tons de liberdade, mais de 540.000 unidades vendidas.
 
  Em menos de quatro meses após o lançamento, os livros que compõem a trilogia ocuparam as três primeiras posições em todas as listas de mais vendidos e somaram mais de 2.370.000 exemplares comercializados, ou seja, a cada minuto, 13 livros eram vendidos no Brasil. Um número bastante significativo, uma vez que, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, o brasileiro lê, em média, 4 livros por ano.
 
  É importante salientar que Cinquenta Tons de Cinza foi lançado um mês antes da Bienal do livro em São Paulo, fato que fez aumentar a sua popularidade, já que a editora investiu amplamente em divulgação on line.
 
 
  Foi criado um site oficial (http://cinquentatonsdecinza.com.br) totalmente dedicado à trilogia com informações sobre os livros, a autora, personagens e até uma trilha sonora disponibilizada em parceria com a Rádio Globo com músicas citadas nos livros e outras que inspiraram a E. L. James na composição dos mesmos.
 
 
   A editora possui uma página no Facebook onde divulga informações relacionadas às suas publicações. Além do acesso a novidades, o internauta também pode comentar, compartilhar e curtir informações.
 
  
   Na campanha de divulgação da trilogia no Facebook houve sorteios de livros e objetos eróticos, quiz (jogo de perguntas e respostas) sobre os livros e imagens para compartilhamento entre amigos, recurso este, que a Intrínseca está utilizando para divulgar o filme da série que será lançado em 2015 e colocará, provavelmente, o livro em evidência mais uma vez.
 
 
   Muitas promoções ocorreram para os seguidores da editora no Twitter por meio de Hashtag, palavras-chave associada a uma informação, antecedida pelo símbolo cerquilha (#). As hashtags viram hiperlinks dentro da rede, indexáveis pelos mecanismos de busca. Sendo assim, outros usuários podem clicar nas hashtags ou buscá-las em mecanismos como o Google, para ter acesso a todos que participaram da discussão. As hashtags mais usadas no Twitter ficam agrupadas no menu Trending Topics, encontrado na barra lateral do microblog.
 
 
     A editora mantém com blogs literários, selecionados por meio de análise de incrições, parcerias. Os livros e material de divulgação são enviados ao responsável pelo blog gratuitamente e este se compromete a fazer sorteios periódicos de todo material enviado e a resenhar o livro lido e divulgá-lo em sua rede social. Assim, as resenhas (a maioria positiva) são compartilhadas em canais literários e promovem os lançamentos da editora. Outra rede social amplamente utilizada pela Intrínseca para compartilhamento de dados a respeito do livro foi o site Scoob (livros em inglês, books, escrito ao contrário). O site é considerado a maior comunidade de leitores do Brasil. Lá o internauta participa de sorteios, compartilha informações, avalia livros e organiza sua estante virtual. Apenas o primeiro livro da série possui mais de mil resenhas e avaliações.
 
 
Vale ressaltar que, independente da avaliação, boa ou ruim, a maior aposta da editora quanto à divulgação de seu produto na Internet é estar em evidência. Maior prova disso foi o compartilhamento pela própria Intrínseca, de um vídeo, disponibilizado no Youtube, contendo uma sátira do livro. Trata-se de um fantoche, chamado “Marcelinho” lendo um trecho da série. Link do vídeo:
 
 
http://www.youtube.com/watch?v=bkvXCYkWSg0
 
 
Agumas considerações
 
   A Intrínseca promoveu um conjunto de ações que criou uma repercussão de sua mensagem de uma para milhares de pessoas por meio das redes sociais disponibilizadas pela Internet.
 
 
   As ações envolveram criatividade e, principalmente, conhecimento dos valores e do comportamento do seu público-alvo (consumidor) e criaram uma exposição positiva da marca.
 
 
   Esta exposição foi refletida na vendagem recorde dos livros da série. Cinquenta Tons de Cinza repetiu no Brasil, o sucesso internacional, ocupando por mais de cinco semanas o topo da lista dos mais vendidos no país.
 
 
   A linguagem virtual foi amplamente utilizada e favoreceu o contato com o internauta (consumidor) fornecendo informação, entretenimento e relacionamento o que garantiu o sucesso da campanha, independente do conteúdo e escrita do livro, afinal, o objetivo era vender.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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