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Nesta edição, conversamos com Renan Barbosa, jornalista e social media. Formado em jornalismo pela Univás, é pós-graduando em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais pela PUC Minas. Atualmente, trabalha como assessor de comunicação no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí, onde atua na gestão da visibilidade do Instituto, por meio do contato direto com a imprensa nacional e regional. Na instituição, também é editor do Jornal do Inatel e social media da fanpage Inatel Tecnologias, que possui mais de 10 mil fãs e um grande engajamento do público. É também consultor de Marketing Digital e social media para PMEs e autor do blog Midiologias (www.midiologias.com), que compartilha conhecimentos de Marketing Digital, Marketing 3.0, Jornalismo Digital e Comunicação Integrada.
 
  ENTREVISTA
  REUNI - Atualmente, é dito que quem não está na Internet não existe. Cada vez mais profissionais e empresas têm utilizado Aplicativos e/ou Redes Sociais online como ferramentas eficazes para a comunicação com seus clientes e colaboradores. É correto afirmar que o fato de o acesso ser facilitado e gratuito pode não só gerar bons resultados e sem a necessidade de altos investimentos como também permitir que a empresa ou o profissional esteja em contato com cada vez mais pessoas conforme as novas demandas do Mercado em que atuam. Entretanto, há empresas e profissionais que acreditam que as ações realizadas por meio dos Aplicativos e das Redes Sociais não necessitam do suporte de profissionais de Sistemas de Informação e de Comunicação Social. Quais são os riscos da exposição na Internet sem o planejamento e o suporte de especialistas?
 
  Renan Barbosa - O marketing digital e as ações de social media são campanhas tão legítimas e poderosas quanto o marketing tradicional realizado em mídias off-line. O grande problema é que algumas empresas ainda não enxergam essa igualdade de abrangência e importância entre as ações de marketing on-line e off-line. A visão de que o marketing digital é importante, felizmente, está cada vez mais nítida no planejamento de comunicação de grandes marcas. O problema é mais grave no caso das PMEs, que já trabalham com orçamento de comunicação reduzido e, com isso, preferem apostar mais dinheiro em ações tradicionais e deixam apenas “as sobras” para investir em social media e marketing digital. O resultado, na maioria das vezes, é a contratação de estagiários ou profissionais despreparados para estarem à frente de um trabalho tão importante que é o social media e o SAC 2.0.
 
  As empresas que não tiverem uma equipe de comunicação multidisciplinar e atualizada com o valor de marca institucional, bem como dos novos modelos de marketing digital, como análise métrica, linguagem on-line, SEO e SAC 2.0, correm o risco de terem uma crise de visibilidade a qualquer momento. É preciso entender que a Internet é um meio de comunicação interativo e multidirecional, ou seja, o que é postado na web tem um poder de disseminação viral muito maior do que em qualquer outro meio. Por isso, a equipe de comunicação deve atuar junto com profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para realizarem uma gestão estratégica e eficiente, para ter também bons resultados no Google, por meio características de SEO bem construídas desde a infraestrutura de html do site.
 
  Um planejamento de comunicação bem feito resulta em embaixadores da marca, que vão ajudar a disseminar a visão e os valores da empresa pela web e trarão mais seguidores e entusiastas. O contrário é desastroso, uma comunicação mal feita e despreparada para atuar na gestão de crises pode “detonar” a visibilidade institucional da empresa. Casos de marcas que se confundiram e acabaram com a reputação na web infelizmente ainda são uma realidade.
 
  Em resumo, seja no digital ou no mundo real, as pessoas querem ser bem tratadas e percebem se a empresa está ou não cuidando do bom atendimento, da boa comunicação. Para que esta eficiência exista, é preciso ter profissionais qualificados para atuar no marketing digital, pois os clientes percebem de forma consciente esta preocupação da marca.
 
  REUNI - Em alguns países, já estão em uso tecnologias que permitem o mapeamento instantâneo da relação entre consumidores e a comunicação que os atinge, a exemplo de outdoors inteligentes, que mensuram o tempo gasto por cada pessoa que os observou, além da idade do consumidor e outras informações. A navegação na Internet há muito tempo deixou de ser inocente e também já é mapeada, a fim de que cada passo do internauta seja analisado e sejam definidas estratégias para estimular o retorno dele ao site ou o consumo de mais produtos. Até que ponto este “Big Brother” realmente traz os resultados desejados pelas empresas que utilizam a Internet? Pode-se afirmar que plataformas como o Branded Entertainment são as melhores estratégias para que as empresas se comuniquem com seu público-alvo?
 
  Renan Barbosa - No caso da comunicação on-line especificamente, tudo é mensurável, portanto, é possível delimitar e realizar ações totalmente direcionadas ao público-alvo. O mapeamento dos resultados off-line, apesar de ter evoluído com as ações denominadas “Off-line 2.0” - quando um layout exibe um QR CODE que redireciona para uma ação on-line ou uma campanha de realidade aumentada, ou mesmo quando exibe tecnologias como o NFC, que permite ainda mais ações a partir do smartphone, como pagamentos instantâneos, cadastramento de dados, etc. - ainda não oferece a oportunidade de mapear as reações do consumidor durante todo o processo de “consumo” da campanha ou da informação. Todavia, é recomendável sempre inserir estas ações de “Off-line 2.0” não apenas para ajudar a medir resultados positivos, mas também para integrar, de forma mais eficiente e rápida, o real e o virtual.
 
  Sobre mensuração de resultados, apesar de o off-line estar cada vez mais adaptado para realizar medições de engajamento, a Internet ainda oferece a melhor forma de medir as métricas das campanhas de comunicação. Além de ótimos serviços gratuitos de medição, como os próprios dados das páginas do Facebook e o Google Analytics, há serviços de métricas pagos, que delimitam ainda mais o perfil dos clientes que interagem com as ações de marketing digital e social media. Isso é extremamente positivo no sentido de realizar ações direcionadas.
 
  Vamos pensar no Facebook, por exemplo, que está diminuindo cada vez mais o alcance orgânicos dos posts, o que tem obrigado as marcas a pagar para que os conteúdos tenham maior alcance. Apesar de muitas empresas ainda não concordarem em pagar para os posts irem para mais pessoas, ao promover um post, as vantagens são muito maiores do que nos posts não promovidos. O que ocorre é que ainda há um mito de que ações nas redes sociais são gratuitas, e não são. Como já mencionei, o on-line pode ser tão caro como o off-line, dependendo da abrangência da campanha.
 
  Ao pagar um post, o social media consegue delimitar com exatidão o perfil do público que deve visualizar o conteúdo, com isso, é mais fácil conseguir novos fãs e mensurar os resultados positivos. Mas é preciso saber exatamente quem é esse público-alvo. Veja novamente a importância da qualificação do profissional que realiza a gestão do marketing digital e das redes sociais.
 
  Sobre o Branded Entertainment, um exemplo clássico da eficiência desta teoria são os vídeos realizados pelo Porta dos Fundos para o Spoleto. Neste caso, a rede de fast food conseguiu visualizar em uma brincadeira a possibilidade de aumentar o número de clientes engajados. Os resultados foram tão positivos que a marca aumentou as vendas, melhorou o engajamento com o público e até mesmo o RH passou a ser mais requisitado, com pessoas querendo trabalhar na empresa depois de verem os vídeos (Resultados aqui: http://migre.me/hMJWE).
 
  Mas este é apenas um exemplo, há muitos outros. O que ocorre é que as pessoas já estão cansadas de assistir a comerciais com o mesmo padrão da TV. A expansão da Internet e todas as mudanças que ela trouxe para a cultura das gerações Y e principalmente Z exigiu que o mundo midiático se atualizasse; com a propaganda não é diferente. Campanhas que na década de 1980, 1990 eram altamente institucionalizadas, ficaram um pouco mais simples e descontraídas nos anos 2000, mas a Internet exigia um novo modelo que tivesse a interatividade e humanização como aspectos centrais. Com isso, o Branded Entertainment, além de se aproximar da realidade de linguagem e humanidade dos clientes, incentiva a interatividade, o compartilhamento e a interação.
 
  Empresas têm utilizado isso em multiplataformas, por meio de Apps que incentivam a interação multitelas (The Voice Brasil, por exemplo), ou mesmo a partir de ações de gamificação de conteúdos, quando games são idealizados para promover um produto.
 
  No entanto, não basta ser engraçado e interativo, é preciso ser humanizado e ao mesmo tempo transmitir, ainda que de forma cômica, o verdadeiro valor da marca. Outro exemplo interessante é o pinguim do Ponto Frio, que conversa com os clientes como se fosse uma pessoa, ou mesmo a Lu, assistente virtual do Magazine Luiza. Todos estes exemplos mostram que o segredo é aproximar cada vez mais as marcas do público e que é preciso vender ideias e diversão ao invés de “apenas” produtos.
 
  Em resumo, as marcas precisam realizar um marketing centrado no ser humano. Como teoriza Kotler no livro Marketing 3.0, todas as esferas da comunicação devem ser humanas e centradas em emoções, sentimentos, valores. As marcas precisam aprender a “rir” de si mesmas e deixar que o processo criativo aconteça de forma livre, sem impedimentos de visões conservadoras e puramente institucionais.
 
  REUNI - Sabe-se que, atualmente, o público-alvo, o consumidor, também é gerador de mídia, isto é, ele não é mais um mero recebedor de informações e ele opina, exibe o que consome e suas postagens nas Redes Sociais online podem influenciar um grandes grupos de pessoas, estimulando-as a adquirir ou não produtos e/ou serviços de uma marca, a pensar desta ou daquela forma, afetando a forma como as pessoas enxergam empresas, profissionais, politicos e outras personalidades. Há uma cartilha para que empresas e profissionais que fazem uso das Redes Sociais possam seguir para que o contato com o público-alvo produza mais resultados positivos do que negativos?
 
  Renan Barbosa - No caso das empresas, como já disse, elas precisam investir em um planejamento profissional de marketing seguindo as características da web e de cada rede social, precisam também realizar uma boa gestão de marca na web, do mesmo modo como é feito no off-line. Empresas que não pensarem de forma estratégica as ações de marketing digital e social media não acompanharão a evolução tecnológica e não irão crescer como deveriam. Afinal, como Kotler afirma, “como as mídias sociais são de baixo custo e pouco tendenciosas, será delas o futuro das comunicações de marketing”. Aliás, o livro Marketing 3.0 é uma boa “cartilha” a ser seguida pelas empresas, pois mostra de forma geral como realizar a gestão estratégica de marketing na era tecnológica.
 
  Em se tratando de perfil pessoal nas redes sociais e na web, a dica é pensar sempre: “Eu faço isso no ambiente off-line?”
 
  Chegamos a um patamar onde o on-line e off-line não têm distinção. O on-line apenas amplifica a visibilidade das ações que fazemos no mundo real. Portanto, o que não fazemos no off-line não deve ser feito nas redes sociais. Por exemplo, uma menina que posta uma foto de biquíni nas redes sociais anda com esta mesma foto na carteira mostrando pra todo mundo? Provavelmente, não. Pelo menos não fora de um contexto plausível e relevante, mesmo que de um conceito descontraído de férias com os amigos etc.
 
  É preciso ser relevante e não fútil nas redes sociais, pois uma vez que o conteúdo é postado, ele ficará lá para sempre, além de ter grande possibilidade de ser viralizado e atingir milhões de pessoas no mundo inteiro. Daqui a 10 anos, se um analista de RH vasculhar a vida de um candidato, erros postados na rede social podem influenciar negativamente na seleção e na construção do perfil profissional.
 
  Ao serem relevantes, as redes sociais podem trabalhar a favor da pessoa. Analistas de RH confessam que, hoje em dia, pesquisam a vida do candidato na web.
 
  O Facebook deve conter conteúdos bacanas, não apenas profissionais, mas conteúdos e informações pessoais relevantes da vida do usuário, como fotos de família, encontro com os amigos, dicas de leitura etc. No Facebook, vale postar conteúdos pessoais, afinal, a rede é para isso e foi pensada para levar a vida off-line para o ambiente on-line. Mark Zuckerberg seguiu os pressupostos da economia da dádiva ao criar a rede, pensando que a interação e a facilidade de comunicação deve melhorar e ampliar a disseminação de informações e atitudes que possam contribuir para a unificação e o crescimento conjunto da sociedade. Ou seja, o próprio fundador da rede pensou na utilização consciente e relevante da plataforma, destaco um trecho do livro “O Efeito Facebook” que mostra exatamente este pensamento nobre de economia da dádiva:
 
  “Quando há uma abertura maior, com todos podendo expressar sua opinião com muita rapidez, partes crescentes da economia começam a operar como uma economia da dádiva. Ela obriga as empresas e as organizações a serem melhores e mais confiáveis. [...] A maneira como os governos funcionam está realmente mudando. [...] Um mundo mais transparente cria um mundo mais bem governado e mais justo” (KIRKPATRICK, 2011).
 
  Outra rede que pode contribuir de maneira decisiva para o futuro profissional das pessoas é o LinkedIn, criado para ser um currículo interativo on-line, atualmente a rede se transformou na melhor ferramenta para fazer networking e ter acesso a informações relevantes da área de trabalho em que o usuário atua. Por meio do LinkedIn, consigo, por exemplo, ter uma boa relação profissional com profissionais de grandes veículos de mídia, possibilidade única que as características da rede social permitem. Isso não seria possível apenas por email ou pelo Facebook, que é muito informal para a definição de interações profissionais.
 
  O conselho, por fim, é cuidar da sua gestão pessoal na internet. Digite seu nome no Google e veja o que aparece, o resultado pode te surpreender de forma positiva ou negativa. Tenha um perfil bacana no Facebook, que ressalte suas qualidades, compartilhe informações úteis ou mesmo divertidas no Twitter, Instagram, Pinterest, tenha um perfil atualizado no LinkedIn e o utilize para conhecer profissionais que você admira. Com certeza, eles estarão por lá. Tem um bom conhecimento sobre determinado tema? Então escreva um blog para compartilhar seus conhecimentos.
 
  REUNI - Considerando a sua participação na Campus Party neste ano, o maior evento de inovação tecnológica, Internet e entretenimento eletrônico em rede do mundo, quais são as inovações que você conheceu e espera ter como ferramentas de trabalho e/ou entretenimento em breve, mais eficazes para os profissionais de comunicação e mais interessantes e desejadas pelo público em geral?
 
  Renan Barbosa - Na Campus Party, apesar de participar em apenas um dia e meio do evento, tive a oportunidade de ver muitas novidades, principalmente no setor de comunicação. Logo quando cheguei, assisti a uma palestra com o creative strategist do Facebook, Cristiano Dias.
 
  Com o título “Conquistado Mais do que Likes”, a explanação de Cristiano mostrou que as marcas precisam conquistar o engajamento dos clientes nas fanpages e não apenas um maior número de likes. Para isso, Cristiano mostrou que as páginas devem se humanizar e criar ações alinhadas com o público alvo.
 
  Ao final da palestra, perguntei como convencer as empresas que é necessário ter um orçamento específico para as ações de social media, para promover posts e planejar anúncios segmentados. Ele me disse para contar quantas vezes por semana meus amigos no Facebook me convidam para curtir novas páginas e mostrar para a empresa o quanto novas páginas estão surgido. Tamanho crescimento resulta em mais concorrência para os conteúdos e a consequente redução dos posts orgânicos.
 
  Outra vantagem de promover os posts apontada por ele é o fato de que, por meio de posts segmentados, é possível chegar a um grande número de pessoas que têm o perfil de cliente da empresa mas ainda não conhecia a página, pois quando se paga um post, é possível enviá-lo também para pessoas que não curtem a fanpage.
 
  Na Campus Party também percebi o quanto o empreendedorismo está cada vez mais presente nos jovens. Na Open Campus (espaço gratuito do evento), este ano foi promovido o Startup & Markers, um espaço onde 150 startups puderam ter estantes e apresentar seus produtos aos visitantes da feira. Também assisti a um painel com CEOs de empresas fundadas em todas as regiões do país. Este painel mostrou que é possível empreender com sucesso em qualquer região, independente do eixo Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte.
 
  Uma inovação que foi destaque na Campus deste ano foram os drones sobrevoando o evento. Acredito que, em breve, esta tecnologia será usada no marketing e na comunicação, em vídeos institucionais, comerciais e coberturas jornalísticas, o que deve trazer uma nova visão às reportagens, que poderão noticiar o fato de uma perspectiva aérea com uma simples câmera controlada por controle remoto. Serão literalmente, câmeras voadoras.
 
  Também conheci um grupo de estudos em Comunicação que nasceu na ESPM e hoje é um grupo internacional. O grupo foca os estudos no conceito de transmídia. Pelo o que entendi do conceito, trata-se de uma teoria multimídia e multimeios mais abrangente, que percebe quase tudo como mídia que se propaga por outras mídias. Explicaram que até mesmo nós somos mídia desde o momento em que nascemos.Com este conceito, é possível traçar campanhas de marketing e de divulgação de um enredo por meio da segmentação de conteúdo em diversos canais de mídia, como internet, redes sociais, aplicativos móveis, quadrinhos, realidade aumentada, entre outros.
 
  Por meio do conceito de transmídia, é possível entender melhor a midiatização de quase tudo hoje em dia e como os meios de comunicação usam este fenômeno para incentivar a interatividade com o público-alvo.
 
  Além de tudo isso, ainda vi marcas mandando bem na comunicação e nas ações de marketing. O Submarino, por exemplo, apostou em uma batalha de robôs para atrair o público para o stand da empresa na Open Campus.
 
  Outras empresas ficaram instaladas nas bancadas da Arena, área paga do evento, e por lá mesmo fizeram como se fosse um stand da empresa e promoveram ações nas redes sociais, como o seguro do Banco do Brasil, que utilizava ações no Twitter para distribuir brindes, e até mesmo o café 3 Corações, que teve um stand dentro da Arena e distribuía café e cappuccino gelado também a partir de ações no Twitter. Destaque para o café gratuito que eles ofereceram na área de imprensa, com certeza, um jeito inteligente de engajar um público que toma muito café: os jornalistas.
 
 
 
 

 

 

                           
 
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